Tentações bolivianas

19/05/2010 at 9:38 pm (Causos, Rumos) (, , , , )

Chegamos a pensar em ir de avião, sim. Custava uns 60 dólares e ia de Santa Cruz de la Sierra até Sucre em  meia hora. Por outro lado… a passagem de ônibus custava cerca de DEZ dólares. Claro que havia o detalhe de que a viagem levaria 15 horas, mas se pensamos que umas 10 dessas 15 podem contar como pernoite gratuito, soa até vantajoso.

E quando a regra é economizar, não adiantam as advertências a respeito do estado em que se encontra a frota boliviana e tampouco a condição das estradas. Nessas horas, a gente só põe na balança: 60 dólares sem “hospedagem” x 10 dólares com “hospedagem”. Optamos então pelo segundo. Antes de comprarmos a passagem, contudo, tentamos nos certificar de que o ônibus não seria muito decadente. Fomos ao Terminal Bimodal e, conforme fomos orientadas, pedimos para ver o ônibus que nos levaria. Algumas agências se esquivavam alegando que “el bus está em manutención”. Eram descartadas na hora. Mas o nosso, da empresa Illimani, até nos foi mostrado, mas a uma distância suficiente para não vermos que estava caindo aos pedaços e, pior, fedia.

Só fomos descobrir isso quando passamos para a área de embarque – depois, aliás, de pagar os 3 bolivianos (cerca de US$ 0,50) da taxa de “derecho al terminal”, aparentemente cobrada em todas as rodoviárias bolivianas. O que vimos foi uma lata velha toda remendada e imunda. Dentro dela, cholas, crianças berrando, um calor infernal e um fedor que acho que nunca conseguirei esquecer. Semi-cama? Lenda.

Se o problema fosse só constatar que isso tudo nos acompanharia pelas próximas 15 horas, já era grave. Acontece que, durante o trajeto, fizemos uma parada para a janta. Para se ter uma idéia, o restaurante exalava  podridão. Tivemos a chance de espiar para dentro do que deve ser chamado por eles de “cozinha”: um monte de pedaços de carne jogados em cima de uma mesa, sem o menor indicio de higiene. E dá-lhe cream cracker.

E por incrível que pareça, isso tudo acabou sendo o de menos. O pesadelo mesmo veio durante a madrugada, quando fui apresentada às tais estradas bolivianas – na verdade, penhascos em ziguezague sem nenhuma iluminação e, às vezes, até sem asfalto. Cada curva, uma despedida da vida seguida de um alívio.

O lado positivo é que sobrevivi para contar. E também, sabe-se lá como são os aviões bolivianos.

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Para onde vamos?

19/10/2009 at 4:58 pm (Rumos) (, )

Quem gosta de viajar, há de concordar comigo: planejar a viagem é praticamente tão divertido quanto concretizá-la. A explicação sempre me pareceu simples: é nessa etapa que tudo é possível – ou quase tudo. E também é nela que começa a tal da viagem, através da nossa imaginação.
Eu, particularmente, adoro abrir o Google Earth e me perguntar: “Para onde vou da próxima vez?” Enquanto a resposta não vem, o mundo é meu. Posso passar as férias em Floripa, fazer uma expedição à Antártida ou um retiro na Índia. Tudo vai depender do meu tempo, dinheiro e bom senso.
A grande vantagem nos dias de hoje é que podemos pesquisar tudo sem sair de casa. Passagens, hotéis, atrações turísticas, tudo está disponível de graça na internet para quem souber procurar. E eu, que sei procurar, encontrei uma ferramenta MA-RA-VI-LHO-SA para organizar viagens.
Trata-se do Trip Planner, da categoria não-sei-como-vivi-até-hoje-sem-ele, encontrado no site não menos maravilhoso do Guia Lonely Planet (não, esse post não é patrocinado).
A lógica é simples: você abre uma conta no site e depois busca os locais que deseja visitar. Depois, basta salvá-los e inserí-los em uma pasta, batizada com o nome da viagem (exemplo: “Europa 2010”).
Falando assim, parece besta, mas cada roteiro salvo é ilustrado na forma de um mapa, como informações turísticas sobre os locais e arredores. Sério, fiquei boba.
Para que eu não fique aqui deturpando todo o programa, veja você mesmo um vídeo explicativo da Lonely Planet.

Quem gosta de viajar, há de concordar comigo: planejar a viagem é praticamente tão divertido quanto concretizá-la. A explicação sempre me pareceu simples: é nessa etapa que tudo é possível – ou quase tudo. E também é nela que começa a tal da viagem, através da nossa imaginação.

Eu, particularmente, adoro abrir o Google Earth e me perguntar: “Para onde vou da próxima vez?” Enquanto a resposta não vem, o mundo é meu. Posso passar as férias em Floripa, fazer uma expedição à Antártida ou um retiro na Índia. Tudo vai depender do meu tempo, dinheiro e bom senso.

A grande vantagem nos dias de hoje é que podemos pesquisar tudo sem sair de casa. Passagens, hotéis, atrações turísticas, tudo está disponível de graça na internet para quem souber procurar. E eu, que sei procurar, encontrei uma ferramenta MA-RA-VI-LHO-SA para organizar viagens.

Trata-se do Trip Planner, da categoria não-sei-como-vivi-até-hoje-sem-ele, encontrado no site não menos maravilhoso do Guia Lonely Planet (não, esse post não é patrocinado).

A lógica é simples: você abre uma conta no site e depois busca os locais que deseja visitar. Depois, basta salvá-los e inserí-los em uma pasta, batizada com o nome da viagem (exemplo: “Europa 2010”).

Falando assim, parece besta, mas cada roteiro salvo é ilustrado na forma de um mapa, como informações turísticas sobre os locais e arredores. Sério, fiquei boba.

Para que eu não fique aqui deturpando todo o programa, veja você mesmo um vídeo explicativo da Lonely Planet.

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Arroz, pão e muita abobrinha

16/09/2009 at 12:55 am (Rumos) (, , , , )

Só para dizer que eu ainda existo e não, não desisti do blog em menos de dez posts.

Já encontrei uma nova personagem: uma francesa que está atualmente na Índia – que pelo visto é um grande para-raio de maluco (no melhor dos sentidos, que fique bem claro). Mas devido a une connection internet de merde, teremos que esperar um pouco mais pelas respostas.

Enquanto isso, em um ashram de Rishikesh, Willian e Horta sobrevivem à base de yoga, meditação, arroz, pão e , comicamente, abobrinha. Um passarinho azul me contou que as refeições frugais, incluindo a abobrinha vegetal, são apenas duas vezes ao dia.

Já a outra modalidade de abobrinha, suspeito que seja mais abundante. Para retribuir a acomodação gratuita, por exemplo, traduziram 40 provérbios do guru Shriram Sharma Acharya.  Será que vai rolar uma lavagem cerebral? Sugiro um bolão…

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Em prol da competitividade

03/09/2009 at 12:15 pm (Viajões) (, , )

Venho por meio deste divulgar o recém-inaugurado blog da concorrência, que atende pelos nomes de Will e Horta.

Quem quiser acompanhar a viagem dos dois, agora pode ir direto no 24tz, de 24 Time Zones (porque eles pretendem cruzar todos os fusos do planeta nessa viagem).

A duplinha também abriu uma conta no Flickr, para permitir que a gente dê uma volta ao mundo virtual e compensar um pouco nossa inveja.

Segundo eles, o blog sempre irá trazer textos em inglês e português, para “não privar todas as pessoas interessantes que conheceremos no caminho de lerem sobre elas mesmas e seus países”. Chiques.

Enquanto isso, pressionada pelo mercado, prometo trazer aqui histórias de outros viajantes que não sejam apenas o Will e o Horta.  🙂

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26 anos

01/09/2009 at 10:11 pm (Viajões) (, , )

horta
Músicas:
  • Bach
  • Beethoven
  • Brahms
  • Debussy
  • Stravinsky
  • Oscar Peterson
  • Miles Davis
  • MPB
  • Funk Carioca

Ahn?

Sim. Funk Carioca.

Esses são os compositores e estilos musicais preferidos de Maurício Horta, o acompanhante do Will nessa viagem, segundo escreveu em seu perfil no CouchSurfing. Não que eu nunca tenha dançado até o chão ao som de Tati Quebra-Barraco, mas é no mínimo curioso alguém que consegue apreciar, em uma mesma vida, tanto a música clássica como a desprovida de toda e qualquer classe.

E isso não é nem de longe o mais surpreendente no Horta. Conheci esse menino elétrico há alguns meses e simpatizei com ele logo de primeira (o Will lê este blog e não me deixa mentir!). Mas a despeito das credenciais (grande amigo do meu melhor amigo) e do excelente senso de humor e de baixaria, ele escondia um pouco o jogo.

Eu sabia que ele tinha morado um ano em Londres (até porque ele tem um “british accent” que eu adoro), que tocava piano (até porque tem um baita piano na sala dele, onde lembro de ter pensado em tentar tocar Do-Ré-Mi-Fá) e que tinha viajado uns seis meses pela Ásia com uma amiga. Mas tive que vasculhar a página do menino no CouchSurfing para descobrir que:

  • Morou na Alemanha;
  • Morou na China;
  • Subiu a Grande Muralha duas vezes;
  • Começou a gravar um documentário baseado no Marquês de Sade na Universidade e acabou tocando piano nu no palco por cinco meses (Escolheu mal o tema, né? Convenhamos…);
  • Comeu escorpiões e testículos de cordeiro;
  • Trabalhou dois meses em uma linha de produção de computadores no Japão;
  • Esteve no maior banheiro público do mundo, em Chongqing, onde conta que se pode mijar na Virgem Maria – embora ressalte que não o fez;
  • Dormiu em um acampamento do MST;
  • Fala alemão fluente – além de espanhol e francês intermediário e CHINÊS iniciante.
  • Tem uma profusão de contatos e depoimentos no CouchSurfing, de tanto que já dormiu em sofás alheios e acolheu estrangeiros em sua casa;
  • Adora fazer planos para conquistar o mundo.

A uma pergunta simples que fiz por e-mail, respondeu: “Sou velho o suficiente para já ter colocado vergonha na cara e um contrato fixo na carteira de trabalho, mas novo demais para ver a vida passar na segurança e monotonia do contrato fixo: 26 anos.”

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A Sé é o paraíso

31/08/2009 at 8:23 pm (Cidades) (, , , , , , )

Cerca de um mês e meio antes de viajar, o Will me convidou para acompanhá-lo no sebo do Messias – “o maior sebo do Brasil” , em São Paulo. Era um dia de semana e aproveitamos para fazer um miniturismo na região central da cidade.  Passamos por enviesados viadutos, nos perdemos, voltamos, perguntamos, dobramos e prosseguimos. E ainda assim, rimos dos carros parados no tráfego, que insistiam em ir mais devagar que nossos passos confusos.

Isso devia ser perto das 18h – tanto que depois fizemos nosso happy hour de um chopp cada no bar Salve Jorge, bem ao estilo paulistano (exceto pela parte do “um chopp cada”). No caminho, avistamos a Catedral da Sé, toda imponente – principalmente quando se olha em volta – e decidimos explorar melhor a área.

Catedral da Sé - um templo no paraíso

Catedral da Sé: um templo no paraíso

Para quem não está familiarizado com a Praça da Sé, trata-se de um amplo espaço margeado por duas fileiras de palmeiras imperiais que levam à escadaria do templo gótico. “É aqui que fica o ponto zero da cidade”, disse-me Will naquele dia, apontando para um monolito hexagonal fincado no centro da praça, supostamente indicando as direções para Rio de Janeiro, Santos, Paraná, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais.

E também é na Praça da Sé que fica grande parte dos moradores de rua de São Paulo,  a maioria esparramada nos degraus da catedral e misturada ao cheiro de urina e a paulistanos já indiferentes à miséria.

Quando subimos a escadaria, não pudemos evitar aquela observação classe média: “Meu Deus, quanto pobre!” Mas como Will já estava com planos de ir à Índia, fiz questão  de salientar: “Vai te preparando, porque Nova Délhi vai ser isso multiplicado por dez”.

Eis que agora ele finalmente chegou à capital indiana. Ligou-me hoje no final da tarde pelo Skype e disse: “A Sé é o paraíso”. Segundo conta, as ruas de Délhi têm gatos mortos, ratos  vivos (e provavelmente mortos também; não me aprofundei), bostas de vaca, vacas, pobres, pobres e mais pobres. “Nova Délhi é a pior coisa que Deus podia colocar na face da Terra”, repetiu-me umas quatro vezes, por causa da má qualidade da ligação.

Will disse que está dormindo no chão da casa de um couchsurfer na periferia de Nova Délhi, que já andou de riquixá, que tudo é muito barato e que ainda fica no inferno até domingo, para fazer uma matéria. A passagem de trem para cruzar o norte do país já está comprada e custou 3 (três!) dólares – vinte centavos a mais do que pagou para um dentista indiano operar  sem anestesia  um siso seu que inventou de inflamar a caminho da Índia.

Segundo nosso informante, 98% da população da capital indiana é feia. “Os outros 2% a gente suspeita que seja de fora”.

Sim, a Globo mente.

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He didn’t move to town

27/08/2009 at 8:40 pm (Causos) (, , )

Momentos depois da tal rave

Will no Twin Peaks em 2006

Sim, ele sobreviveu a San Francisco. Não virou hippie e me disse que pegaria um voo para a Índia hoje mesmo. Não seguiu os conselhos de um irsaelense alucinado que conhecemos em 2006, durante uma rave escondida atrás da porta da escadaria de incêndio de um prédio da Folsom Street.

Aquela cena nunca me saiu da cabeça: já era dia e estávamos os dois escorados em um pilar daquele peculiar estacionamento, todo decorado com motivos indianos e ao som de Goa trance. Nas paredes, havia bandeiras de pano com imagens de deuses hindus; no centro, um grande altar com inúmeras velas acesas. Ao redor, muita gente louca.

Um deles, muito zen, intercalava momentos de meditação com uma brincadeira de Bola de Contato. Uma outra, fantasiada de fadinha (com asas e tudo), corria pelo local quicando uma bola (!). E ainda tinha aquela mais velha, que “dançava” dando “delicadas vassouradas” na bunda de outro. Dito isso, nem sei como chegamos a prestar atenção no israelense.

O fato é que ele estava lá, dançando e fazendo movimentos no ar com um incenso aceso. Quando nos viu, não hesitou e veio direto até nós,  desenhando rastros de fumaça perfumada em frente dos nossos olhares apreensivos, de quem temia ainda não ter visto de tudo. Perguntou quem éramos e de onde vínhamos.

Em algum momento, talvez por ele ter entrado em algum assunto místico que não me recordo, enfiamos Pirenópolis no meio da conversa. Ele disse que já estivera lá, mas que “ainda não estava pronto; não estava recebendo”. “Agora estou”, completou. Disse que se sentia em casa naquela cidade maluca e que ali, todos eram uma família. E arrematou: “Move to town!”

Nunca mais esqueci essas palavras, essa displicência, essa loucura. Depois daquela frase, ficamos mais um pouco na rave e logo voltamos para nosso albergue, outro antro de doidos. Situado no número 555 da Haight Street, era nossa base para o Golden Gate Park, que um dia ganhará um post à parte. Bem, creio que o albergue também mereça um post à parte.

Mas como dizia, Will não virou hippie. Vamos torcer para não virar hare krishna.

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Se tudo der certo e ele não virar hippie – ou se ele não virar hippie, tudo vai dar certo

25/08/2009 at 11:40 pm (Rumos) (, , , , , , )

Will no Golden Gate Park

Com treze quilos divididos em duas malas, lá se foi o Will para uma viagem de 544 dias pelo mundo – ao menos é esse o projeto inicial. Decidiu começar por San Francisco (que dúvida!), aquela mesma cidade de gente maluca que nos deixou boquiabertos e com vontade de nunca mais voltar para o Brasil há mais de três anos, quando viajávamos pelos Estados Unidos. Agora o coitado vai pagar o mico ter a honra de ser meu primeiro personagem viajante.

E se tudo der certo e ele não virar hippie – ao contrário do famoso dito popular -, deverá sair das terras californianas em um voo direto para Nova Délhi, do outro lado do Pacífico. Ele e o Horta, jornalista bem legal que embarcou junto com ele nessa loucura viagem, pretendem ficar mais de três meses em solo indiano e depois seguir para Indonésia, Cingapura, Malásia, Tailândia, Camboja, Vietnã, Laos, China, Rússia, Azerbaijão, Irã, Síria, Líbano, Jordânia, Israel e Egito. Cansou? Imagina eles.

Por enquanto, esses dois ainda estão em San Francisco. Segundo os últimos sinais de vida que recebi, dividiram o tempo entre se esparramar no gramado do Golden Gate Park, ver um filme do Woody Allen, fazer feijoada sem carne seca para alemães hospitaleiros, andar de bicicleta, comprar livros e havainanas (???) e comer donuts orgânicos indicados por californianos politicamente incorretos. Dos 18 dias que estão lá, conseguiram ficar 13 pelo CouchSurfing e o resto em albergues.

E enquanto mais notícias não vêm, esse blog vai falar de (adivinha?) outras viagens e viajantes.

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Viagem movida a ansiedade – uma introdução

25/08/2009 at 9:45 pm (Viajões) (, , )

Lembro de ter acontecido algumas vezes. Sentávamos na mesinha de PVC com a maior das boas intenções – ler – e nos púnhamos a tagarelar. Isso podia durar horas ou minutos, até que finalmente decidíamos deixar o veneno de lado e voltar nossas atenções para o livro em nossas mãos. E quando eu enfim mergulhava na arduamente conquistada concentração, algo me puxava de volta para a realidade: era a mesa que tremía.

Não, não moro em San Francisco (infelizmente) e nem em qualquer outra cidade costumeiramente afetada por abalos sísmicos. O tremor que eu sentia e que tanto me distraía era apenas um reflexo da ansiedade do meu amigo (esse da foto no final do texto) – ou das inúmeras xícaras de café que ele tomava para ler os incontáveis livros que ele queria.  O certo é que esse comportamento, para mim, ilustra bem essa figurinha que hoje, de ansioso, resolveu dar a volta ao mundo.

Ansioso no bom sentido, diga-se de passagem. Talvez tenha sido essa mesma ansiedade que o fez sair de uma praia de pescadores nos confins da Ilha da Magia para aterrissar na redação de um dos jornais mais exploradores exigentes do país. E foi justamente lá que ele surtou – no bom e no mau sentido.

De serelepe e efusivo, ficou sério, adultinho – velho, mesmo! Cheguei a falar isso para ele, mas nada parecia ser capaz de tirá-lo da apatia. Nada exceto uma demissão, que é onde nossa história começa.

Essa introdução toda foi para dar uma ideia do que faz uma pessoa largar uma vida – quiçá até aquele tal de “futuro” – para se jogar no mundo. O que MOVE o “viajante”? Para ele, foi a exoneração, uma ansiedade incorrigível e uma curiosidade insaciável – além do legado de benefícios trabalhistas da Era Vargas. Para mim, foi em grande parte a viagem dele.

Greyhound - o retorno

Greyhound - o retorno

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